O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) uma tarifa extra de 50% sobre todas as importações brasileiras. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, foi justificada por ele como resposta a supostas ações do Brasil contra empresas americanas e à “censura” imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) às redes sociais dos EUA. A carta foi publicada na plataforma Truth Social e endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeito profundamente, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", afirmou Trump.
No comunicado, Trump também criticou duramente a atuação do STF, acusando a Corte de emitir “ordens secretas e ilegais” contra plataformas digitais americanas. Além disso, afirmou que a relação comercial entre os dois países é injusta e que os EUA precisam se “afastar” do atual modelo de parceria com o Brasil. Ele anunciou ainda que irá abrir uma investigação comercial contra o país por práticas consideradas desleais.
A nova tarifa vem após os EUA já terem imposto, em abril, uma taxa geral de 10% sobre quase todos os países. Na ocasião, o Brasil havia sido incluído na faixa mais baixa das tarifas. Agora, com o novo anúncio, o percentual sobre os produtos brasileiros será de 50%, podendo ainda ser negociado até o fim de julho.
Segundo dados do governo brasileiro, os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2025, o comércio entre os dois países somou US$ 20 bilhões no primeiro trimestre, com superávit de US$ 653 milhões para os americanos. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA estão petróleo bruto, aço, aeronaves, café e celulose.
Especialistas avaliam que Trump tem usado tarifas como forma de pressionar parceiros comerciais e incentivar a reindustrialização dos EUA, buscando atrair empresas para produzir dentro do território americano. O aumento das taxas é também uma estratégia para tentar reduzir o déficit comercial do país com outras nações.
Nos últimos anos, as exportações brasileiras aos EUA cresceram consideravelmente, especialmente após a pandemia, com o país se beneficiando da tentativa americana de diminuir a dependência da China. Em 2022, a corrente de comércio entre Brasil e EUA chegou a US$ 88,7 bilhões — o maior valor já registrado.
Apesar da tensão atual, representantes do governo brasileiro seguem negociando com autoridades americanas para tentar reverter ou suavizar as tarifas, principalmente sobre produtos sensíveis como o aço, que já havia recebido taxação adicional de até 50% em junho.
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