Professores de Salvador seguem em greve e denunciam manobra salarial em meio ao impasse com a prefeitura


A greve dos professores da rede municipal de Salvador entrou em sua décima primeira semana, com aulas suspensas em boa parte das 426 escolas do município. A paralisação começou em maio e é motivada pela reivindicação do pagamento integral do piso nacional do magistério, hoje fixado em R$ 4.867,77. A categoria denuncia que a prefeitura tem usado gratificações para simular o cumprimento do piso, em desrespeito à legislação federal.

Piso salarial em disputa

A principal queixa dos docentes gira em torno da diferença entre o salário base efetivamente pago e o valor estabelecido por lei nacional. A gestão municipal afirma que cumpre o piso ao somar gratificações, mas os profissionais alegam que esse método fere decisões judiciais que determinam que o piso deve ser calculado apenas sobre o vencimento base – e não sobre adicionais variáveis.

Uma lei municipal aprovada este ano formalizou essa metodologia de cálculo, o que acirrou ainda mais o conflito. Para os professores, trata-se de uma manobra institucional que desrespeita os direitos da categoria e compromete o plano de carreira.

Mobilização nas ruas

Durante os mais de dois meses de greve, os professores organizaram diversos protestos e atos públicos, incluindo manifestações em frente à Câmara de Vereadores, à sede da prefeitura e nas ruas da cidade. Um dos momentos mais emblemáticos ocorreu no cortejo do 2 de Julho, quando os docentes levaram faixas e gritos de protesto ao tradicional desfile da Independência da Bahia.

A participação chamou a atenção de autoridades nacionais e gerou apoio de movimentos educacionais e sindicais de todo o país.

Calendário escolar comprometido

Com o avanço da greve, mais de 40 dias letivos já foram perdidos. Para tentar minimizar o impacto, a Secretaria Municipal de Educação anunciou que o calendário será estendido até janeiro de 2026. A pasta também lançou um programa de reposição aos sábados, mas a adesão tem sido parcial, já que muitos profissionais seguem paralisados

Segundo estimativas, cerca de 135 mil estudantes estão sendo diretamente afetados. Pais e responsáveis demonstram preocupação com a reposição do conteúdo e a preservação do ano letivo.

Câmara dividida, categoria mobilizada

Dentro do legislativo municipal, o clima é de tensão. Parte dos vereadores defende o diálogo com os professores e critica a postura inflexível do Executivo. Outro grupo, por sua vez, apoia a lei municipal aprovada, argumentando que ela representa uma forma sustentável de administrar os recursos públicos sem comprometer o orçamento.

Enquanto isso, os docentes permanecem em estado de greve, com nova assembleia marcada para os próximos dias. A expectativa é de que a categoria avalie propostas e decida se mantém a paralisação ou adota outras formas de mobilização.

Em resumo:

A greve já dura mais de dois meses e foi motivada por divergências sobre o pagamento do piso nacional.

Professores denunciam que o município usa gratificações para simular o cumprimento da lei.

O calendário escolar foi alterado, com aulas previstas até janeiro de 2026.

A categoria segue mobilizada e pressiona por revogação da lei municipal que muda a forma de cálculo dos salários.


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