Ex-diretora de presídio na Bahia é acusada de facilitar fuga de 16 presos e integrar rede criminosa
Eunápolis (BA)
A segurança pública da Bahia enfrenta mais um escândalo grave. A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, foi denunciada pelo Ministério Público estadual sob a acusação de chefiar, de dentro da própria unidade, uma complexa articulação que resultou na fuga cinematográfica de 16 detentos, em dezembro do ano passado. O episódio é considerado um dos mais audaciosos da história do sistema penitenciário baiano.
Segundo a denúncia, Joneuma não apenas facilitou a fuga como também teria recebido propina superior a R$ 1,5 milhão de lideranças do crime organizado, com destaque para o chefe da facção Primeiro Comando de Eunápolis, conhecido como "Dada", com quem ela mantinha, inclusive, uma suposta relação pessoal.
Furadeira, túnel e silêncio: a rota da fuga
A investigação revelou que a fuga foi possível graças ao uso de uma furadeira elétrica, que operou por semanas dentro da cela 44 sem ser interceptada. Relatórios internos apontam que a ex-diretora teria sido alertada por agentes sobre a movimentação estranha, mas ordenou que nada fosse feito naquele momento.
Com o tempo necessário e a estrutura comprometida, os detentos conseguiram romper o teto da cela e escapar com o apoio de criminosos fortemente armados do lado de fora, que chegaram a matar o cão de guarda da unidade durante o resgate.
Regalias e lavagem de dinheiro
Além de facilitar a fuga, Joneuma é acusada de oferecer regalias aos internos, incluindo entrada de refeições externas, celulares, facas e até a realização de velórios clandestinos dentro do presídio. Tudo isso ocorria com a anuência e participação de funcionários subordinados, também denunciados pelo MP.
Para ocultar o recebimento dos valores ilícitos, ela usava identidades falsas e laranjas para compras de alto valor, incluindo um notebook MacBook e outras aquisições fora do padrão salarial de uma servidora pública. Os pagamentos vinham diretamente da facção.
Prisão e desdobramentos
Joneuma foi presa preventivamente em janeiro de 2025 e permanece detida após audiência de custódia. Outros 17 envolvidos também foram denunciados, incluindo o então coordenador de segurança do presídio.
A investigação segue em andamento, e novas diligências ainda estão sendo realizadas para esclarecer todos os pontos do esquema e localizar os foragidos.
Reflexo na segurança pública
Após a fuga, apenas um dos 16 detentos foi recapturado — e morreu em confronto com a polícia. Os demais seguem foragidos. O caso provocou uma crise na segurança da região sul da Bahia, e levou à troca de comando da unidade prisional e à instalação de uma força-tarefa de monitoramento interno.
Conclusão
O escândalo envolvendo a ex-diretora do presídio de Eunápolis revela não apenas a fragilidade do sistema prisional, mas também a profundidade das ligações entre o crime organizado e agentes públicos. A expectativa agora recai sobre o avanço do processo judicial e sobre medidas efetivas de controle e transparência nas unidades penitenciárias da Bahia.
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